Das escolhas da maternidade: conciliando a criação de seus filhos com suas demais atividades

Depois de longo período afastada do blog devido a compromissos pessoais (estava trabalhando em uma loja de orgânicos), consegui retomá-lo como prometido e seguir aquela série de postagens que todos estão aguardando ansiosamente (assim a gente sonha, rs).

Esta postagem, mais uma vez, retrata escolhas que eu fiz pra minha vida, e propõe dar dicas de como poderia funcionar para qualquer um, independente das escolhas feitas.

Para começar, vou contextualizar que eu ter escolhido ficar em casa e criar meus filhos com apego foi algo que surgiu natural e espontaneamente na minha vida. Algo que nunca planejei de fato, pois antes de ser mãe eu imaginava que a maternidade era muito mais fácil e tranquila. Luisa, minha primeira filha, revirou meu mundo e minhas certezas de cabeça para baixo e me motivou a me reconstruir como ser humano e como mulher.

Para cuidar dela, com eu achava que devia, optei, com apoio do pai dela, em ficar em casa, cuidando integralmente. Nossas motivações se basearam em: queríamos que Luisa fosse amamentada exclusivamente ao seio pelos primeiros 6 meses de vida e que continuasse a ser amamentada até que desmamasse naturalmente ou pelo menos que mamasse para além dos dois anos.

Além disso, colocamos na ponta do lápis o quanto gastaríamos se eu voltasse a trabalhar e tivesse que deixá-la sob os cuidados de outra pessoa e eu teria que ganhar muito para compensar, o que era praticamente impossível na conjetura do momento. Então foi uma decisão bem tranquila de tomar, meu salário não era imprescindível para o sustento da casa, e economizaríamos mais se eu fosse a cuidadora principal de Luisa.

Fora os benefícios psicológicos e emocionais tanto para mim quanto para ela, que sem duvida, nos pareceram insuperáveis. Portanto, esta foi a nossa escolha enquanto família e minha escolha pessoal. Friso, para não parecer que fui levada a esta decisão por terceiros, eu realmente me decidi por isso e contruí muito bem meus argumentos, obrigada, para ninguém questionar esta decisão.

Dito isto, vamos a parte prática da coisa. Como conciliar cuidar integralmente de uma criança e fazer quaisquer outras coisas na sua vida? Bem, a primeira palavra mágica é: apoio! Imprescindível que se tenha o apoio do companheiro ou companheira, ou de quem mais fizer parte da família e do convívio diário. Para quem está próximo da família de origem e tem bom relacionamento, avós, tios e tias, primos e primas são de grande auxílio.

Tem apoio? Ótimo! Você com certeza tem como deixar a cria supervisionada para engajar em alguma outra atividade. Mas, e quando não há apoio? Aí é necessário se virar sozinha, o que pode ser cansativo, mas não de todo impossível.

Eu tinha apoio do marido. Mas, como principal e único provedor do lar, tempo de marido era escasso. Então algumas coisas eu precisei aprender a fazer concomitante aos cuidados com o bebê.

Segundo ponto essencial: ter uma rotina organizada. Não precisa se prender a horários fixos, mas tenha uma sequencia de atividades que faça sentido pra você e que se encaixe nas suas necessidades, crenças pessoais e desejos.

Nessa rotina, tente sempre pensar em como entreter ou envolver o filho na atividade. Se você quer fazer atividade física, por exemplo,pense em atividades em que seu filho possa te acompanhar e de que maneira. Se precisa lavar a louça ou roupa, coloque uma cadeira ao lado para que ele suba e consiga ver o que você está fazendo e deixe alguma peças não perigosas próximas a ele para que brinque enquanto você trabalha. Isso, inclusive te facilita lá na frente, quando a criança já tem capacidade de auxiliar nestas atividades ou mesmo desempenhá-las por completo. Funciona como um aprendizado, um estímulo. Portanto: envolva seu filho na atividade. Sempre de forma segura, confortável e divertida para ele!

E quanto as atividades em que a criança não pode participar? Ou por ser perigoso ou por realmente ser restrito, existem atividades em que a criança não deve estar envolvida. A dica é deixar tais atividades para quando a criança estiver dormindo, ou quando outra pessoa puder ficar com ela. E isso inclui, deixar o almoço preparado desde as 6h da manhã, ou fazer um quantidade enorme de comida no domingo pra ir descongelando ao longo da semana. Foco! É melhor comer comida requentada do que não conseguir cozinhar nada fresquinho pois seu filho está se esgoelando pendurado nas suas pernas, ok? Quando for possível cozinhar fresquinho, faça, mas quando não ao menos voce sabe que tem comida pronta no congelador e de fome você não morre.

Se você trabalha em home office, seja no computador ou com artesanato, por exemplo,é preciso que se tenha em mente de que suas metas podem ficar atrasadas, então não assuma mais responsabilidades do que te cabe. Contudo, sempre é possível ensinar a seus filhos que em determinado momento você precisa se concentrar naquela atividade e pode oferecer a ele alguma atividade que o deixe concentrado por um período mais longo também, como: desenhar, montar blocos, brincar com massinha e se nada mais funcionar e o trabalho estiver acumulado e você a beira do desespero: pode apelar para a televisão. Desde que, é claro, a criança já tenha seus dois anos de idade, não se torne um hábito rotineiro e você conheça previamente o conteúdo do que vai exibir. Eu dou preferência a filmes, aqui em casa, tem uma historia, tem música. Enfim, depois de terminado o filme é legal conversar sobre ele, propor alguma brincadeira  baseada nele, para que não fique apenas uma atividade vazia na rotina da criança.

É preciso, porém, ter cuidado com o uso desta ferramenta, pois a criança pode ficar dependente de assistir televisão e dependendo do que é exibido demonstrar mudanças de comportamento, padrão de sono e aprendizado.

Vou encerrar a postagem com alguns exemplos pessoais:
-Atividades domésticas: lavo louça com a cadeira ao lado, para que subam e participem; peço ajuda para separar as roupas para colocar na máquina de lavar e para dobrar e guardar depois de secas, na hora de cozinhar, deixo que participem de alguma forma, por exemplo lavando a salada, arrumando a mesa, pegando ingredientes e utensílios na geladeira ou armário. Na hora de varrer o cão, brinco de quem consegue pegar mais coisas do chão e colocar no lugar (armário, prateleira, etc.) mais rápido. Quem ganha, pode escolher o próximo passeio. Sempre intercalo uma atividade da casa com uma atividade das crianças, geralmente proposta por elas, mesmo que isso faça com que eu levo o dia todo para terminar tudo. Eles ficam menos agitados e mais fáceis de lidar. Aproveito as sonecas para descansar, ler, assistir algum seriado, se eles estão dormindo, eu estou descansando, do contrário fico cansada muito rápido e não consigo terminar minhas atividades.

– Atividades pessoas: atualmente eu corro e faço aulas de pole dance. Mas já fiz yoga, frequentei academia, etc. Tudo depende da disponibilidade para estar com meus filhos ou ter alguém que os acompanhe. Para facilitar a corrida eu comprei de segunda mão um daqueles carrinhos próprios para carregar o bebê durante a atividade. Comprei de uma amiga e parcelei, mas me ajudou muito. Meus filhos também me acompanham na maioria das vezes a aula de pole dance, e geralmente ou brincam com os brinquedos que a dona do estúdio disponibilizou só para este fim, ou brincam nas barras, junto com as alunas. Além das atividades físicas eu tenho meus hobbies também e atualmente são: costurar e fazer scrapbooking. Mais uma vez, ou eles estão junto comigo, e daí vou distribuindo pedacinhos de tecido ou papel apra que eles brinquem, ou eles brinca ao lado, de alguma outra coisa. E se não estiver funcionando, eu paro o que estou fazendo e vamos todos fazer alguma outra coisa.

Enfim, espero que algumas dicas e experiências possam ajudar a alguém, inspirar de alguma forma a fazer ajustes em sua rotina para que consigam também conciliar cuidados consigo propria, com outras atividades e a criação dos filhos da forma como escolheu fazê-lo.

No próximo post vamos falar sobre como elencar as necessidades de todos da família de forma equilibrada. Até lá!

Amamentando na sinagoga

Remexendo materiais antigos, há alguns meses, deparei-me com este lindo texto sobre amamentar na sinagoga, de autoria de Aurora Mendelsohn e publicado originalmente na revista norte-americana Lilith, uma revista judaica feminista que surgiu nos anos de 1970. O texto é de 2002 e foi traduzido por Karla Rahmann no ano seguinte para publicação na revista judaica paulistana Shalom, para a qual eu trabalhei.

Na época, Aurora Mendelsohn era PhD em psicologia cognitiva; morava em Silver Spring, Maryland, nos Estados Unidos; era casada; tinha uma filha; e era membro da Congregação Reconstrucionista Adat Shalom. Não consegui descobrir muito sobre o que a autora de “Amamentando na sinagoga” andou fazendo nos últimos anos. Parece-me que teve outros filhos e hoje mora no Canadá; sua ligação com a cultura judaica continua firme e forte.

Não sou judia, mas a experiência trabalhando para a revista Shalom transformou minha visão sobre minha própria cultura e me lançou nas raízes de nossas religiões cristãs de uma forma que só tenho a agradecer, pois ampliou meus horizontes. O texto de Mendelsohn, escrito há mais de dez anos, é de uma atualidade incrível e tem tudo a ver com muitas das questões que discutimos no mundo materno hoje em dia, como a amamentação em público, por exemplo. Nele, a autora mostra como, com um pouco de estudo, sensibilidade e capacidade de interpretação, a religião pode, sim, nos aproximar – e não afastar – de nossas convicções ideológicas. Por isso acredito que seja uma boa leitura para este Papo Materno. 

Fiquem com “Amamentando na sinagoga”, de Aurora Mendelsohn.

Érica Alvim

 

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Capa da revista Lilith do outono de 2002.

 

 Amamentando na sinagoga

Meu marido e eu tínhamos acabado de nos mudar para Maryland e estávamos indo para nossa nova sinagoga pela primeira vez com nossa filha de nove meses. Durante o serviço religioso, ela começou a ficar irrequieta: estava com fome e queria mamar. Nervosa, olhei ao redor sabendo que dar de mamar em público ofende um número considerável de pessoas.

Para alguns, é uma lembrança constrangedora de que seres humanos são animais; para outros, é uma exposição erótica inadequada. Nossa cultura enxerga os seios primeiramente como algo sexual, quando, na verdade, seu principal propósito é o de amamentar. Fiquei sentada, pensando nas minhas alternativas: sair do serviço religioso e amamentar minha filha do lado de fora ou ficar onde eu estava e possivelmente ofender alguém que eu ainda nem conhecia. Para mim, a oração é um compromisso sério. Por que eu teria que escolher entre dois atos sagrados?

Na sinagoga que costumávamos ir, meu minhag (costume) era o de levar o bebê para a entrada do santuário para amamentá-lo; dessa forma, podia continuar ouvindo o serviço religioso. Infelizmente, a sinagoga tinha separado um lugar na biblioteca para as mães amamentarem (que ficava lá em cima, depois de um corredor). Era só uma questão de tempo até que alguém criticasse o fato de eu amamentar num lugar mais público, durante a oração. No entanto, comecei a ver a amamentação como um ato sagrado, uma experiência espiritual transformadora que, na verdade, tinha sido responsável pelo fortalecimento do meu comprometimento com o judaísmo. Foi através dos atos personificados de dar à luz e mais particularmente de amamentar que eu vim a conhecer poderosamente o significado da palavra “sagrado”. Eu sabia que o judaísmo valoriza a modéstia, mas vê também o corpo como algo criado segundo a imagem de Deus e, por isso, santo. Cada vez mais, comecei a entender que o motivo pelo qual a amamentação mexia tanto comigo era o fato de ela ser uma poderosa metáfora do suprimento de Deus.

A verdade era que eu não conseguia mais me sentir à vontade teologicamente numa sinagoga onde não podia amamentar minha filha livremente, já que isso significaria excluir aquela parte de mim mesma que me levou a ver a santidade no mundo. E, para mim, ainda mais poderoso que isso, talvez era que a amamentação tinha me levado a enxergar a mim mesma intimamente como uma faceta dessa santidade no mundo.

Sentada em nossa nova sinagoga, pensando em tudo isso, deixei o medo da desaprovação das pessoas, abri minha blusa, e coloquei o bebê em meu seio. Ela logo dormiu, e meu marido e eu pudemos ficar e participar de todo o serviço religioso do Shabat. Na verdade, as palavras “participar de todo” não descrevem com precisão essa experiência. Segurar minha filha, amamentando-a com meu próprio corpo enquanto cantava os textos antigos sobre o poder criador e supridor de Deus, era uma oportunidade única de realmente personificar essas palavras sagradas.

A amamentação me impactou também de outras maneiras. Mesmo antes de me tornar responsável pelo corpo de outra pessoa, já estava comprometida com as várias vantagens da amamentação em contraste com a mamadeira. Segundo a Academia Americana de Pediatria, a amamentação oferece proteção de várias doenças, não apenas durante o tempo em que mãe e filho a estão vivendo, mas durante o resto de suas vidas. Vi também como a ligação emocional da mãe com o bebê se desenvolve naturalmente através do ato biológico de amamentar – por causa dos hormônios calmantes que são liberados tanto na mãe quanto no bebê, e pelo fato de a mãe não poder ficar muitas horas sem amamentar (ou tirar o leite para) a criança, e, portanto, não poder ficar longe dela por mais de um dia.

Como uma mulher feminista, eu estava experimentando a amamentação também como uma resposta ao monopólio conceitual do corpo da mulher por parte da nossa cultura, uma resposta ao fato de que muitos de nós nos vemos fisicamente segundo os ideais da sociedade de beleza feminina e de sexualidade, e, consequentemente, nos condenamos por estar longe desses ideais. Através da amamentação, comecei a me relacionar com meu corpo de outra maneira: como uma força poderosa e criadora. Quando uma amiga minha falou com muito orgulho sobre suas conquistas em relação ao filho de três anos – descrevendo como ela própria tinha feito com que ele crescesse através de elementos de seu próprio corpo, primeiro no útero e depois além dele – senti que ela descrevia exatamente minha própria experiência.

A amamentação fez também com que eu me sentisse responsável pelo mundo em que o bebê vive. Os produtos usam vários tipos de embalagens, que requerem combustível prejudicial ao meio ambiente para fabricação, transporte e aquecimento. O leite materno, por outro lado, é um dos poucos alimentos que chegam em nossas casas prontos para serem consumidos e sem qualquer embalagem. Saber que algo que faz parte de mim mesma é, como o maná, um produto alimentício ideal – fresco, completamente reciclável, sem necessidade de refrigeração, que dá vida e está disponível sempre que meu bebê precisar – poderia apenas aumentar minha preocupação com alimentos que fazem bem e nos sustentam.

Por estar acostumada com os desafios que o judaísmo clássico coloca diante das feministas, fiquei surpresa ao descobrir, no decorrer da minha pesquisa, quantas referências positivas e comoventes existem nas fontes judaicas tradicionais. Até pouco tempo atrás, a amamentação era, é claro, uma questão de vida ou morte: se você não pode amamentar, seu bebê passará fome, a não ser que você possa pagar uma ama de leite. Os seios são retratados na Torá, no Midrash e no Talmud como uma dádiva de Deus, um milagre, uma bênção, cujo propósito é preservar a vida.

No Talmud, por exemplo, a Ana bíblica, que era estéril, coloca o seguinte desafio diante de Deus: “Governador do Mundo, entre as coisas que criastes na mulheres, não houve uma que não tenha sido feita sem propósito: olhos para ver, ouvidos para ouvir, uma boca para falar, pernas para andar. Estes seios que colocaste em meu coração, não são eles para amamentação? Dê-me um filho, então, para que eu possa usá-los”. (Berakhot 31B)

Em referências bíblicas à amamentação, esse ato é entendido como uma continuação do processo de nascimento. Por exemplo, depois que Isaque nasce e uma Sara idosa expressa sua estupefação: “Quem diria que Abraão e Sara alimentariam um filho? Contudo, dei a Abraão um filho em sua velhice!”. E depois que ouvimos sobre o nascimento de Moisés, o texto passa um tempo descrevendo as atitudes tomadas pela filha do Faraó para conseguir uma ama de leite, que – por causa da chutzpá de Miriã – acaba sendo a própria mãe biolágica da criança.

Uma outra validação da amamentação surge com o profeta Oseias (9:14), que, numa exaltação retórica, invoca sobre a humanidade obstinada uma das piores maldições imagináveis: “Dê-lhes úteros que abortem!”, ele clama a Deus, “e seios secos!”.

A importância da amamentação para nossos ancestrais bíblicos é expressa também pelos diversos textos que falam do desmame. Segundo o midrash, Moisés é desmamado aos 2 anos (Êxodos Rabbah 1:31); o Talmud dá várias estimativas do período de amamentação, que variam dos 2 aos 5 anos (Ketubot 60 A); e os Apócrifos fazem referência aos 3 anos (II Macabeus 7:27). Cerimônias de desmame são ocasiões importantes. Abraão, em Gênesis 21:8, faz uma “grande festa” no dia em que Isaque foi desmamado e convida dignitários (Baba Metziah 87 A; Gênesis Rabbah 53: 9-10). Ana mostra o filho Samuel (que um dia conduzirá os israelitas como profeta e juiz) para os sacerdotes no dia em que é desmamado (I Samuel 1:21-24), levando com ela para Siló “um odre de vinho, um efa de farinha” e um touro. Desde então, cerimônias de desmame se desenrolaram com dois elementos: primeiro, gratidão a Deus pela criança não ter morrido na primeira infância (uma preocupação real até pouco tempo atrás); e segundo, um tipo de ritual que marcava o início da independência da criança.

No entanto, creio que ainda mais poderosa é a imagem bíblica de Deus não como “Rei” ou “Governador do Universo” ou “Senhor” (epítetos que suplantaram outras imagens femininas ameaçadoras da divindade), mas “Deus, a mãe que amamenta”. Nos escritos judaicos pós-bíblicos, esse Deus é suprimido; na Bíblia, faz várias aparições, mas ainda parece passar desapercebida pelos leitores.

Na visão escatológica de Isaías, os seios de Deus viram uma fonte infinita de consolo, e, realmente, um dos nomes bíblicos de Deus mais conhecidos, Shaddai, é linguisticamente derivado da raiz semítica e acadiana que significa “montanhas”, que evolui para significar “seios”. Segundo alguns estudiosos, esse “Deus de seios” se refere claramente a um aspecto de nosso antigo culto religioso abordado de modo diferente daquele que cada vez mais invoca o Deus que chamamos de “Yahweh”ou “Adonai” – nomes divinos que definiram o judaísmo clássico e patriarcal. A palavra judaica shad significa “seio”. “Shaddai” (o nome de Deus escrito nas mezuzot, no tefilim e em vários textos judaicos) evoca a imagem de Deus com seios ou de Deus amamentando, e pode ser traduzida literalmente não como “Senhor, nosso Deus” ou “Deus, minha Salvação”, mas como “Deus de Seios” ou “Deus que Amamenta”.

Isaías 66:10-13 me emociona com a imagem de Jerusalém e de Deus como A Mãe Terra que amamenta, e de nações prósperas como um leite materno para sempre abundante: “Regozijai-vos com Jerusalém, e alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais; enchei-vos por ela de alegria, todos os que por ela pranteiam; para que mameis, e vos farteis dos seios das suas consolações; para que sugueis, e vos deleiteis com a abundância da sua glória. Porque assim diz o Senhor: ‘Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória dos gentios como um riacho que transborda; então mamareis, ao colo vos trarão, e sobre os joelhos vos afagarão. Como alguém a quem consola sua mãe, assim eu vos consolarei’”.

Por todo o livro de Gênesis, o nome Shaddai está ligado também às bênçãos da fertilidade. Por exemplo, quando Jacó abençoa seu filho José, ele diz: “Shaddai te abençoará com bênçãos dos altos céus, como bênçãos dos abismos que estão lá embaixo, com bênçãos dos seios e da madre”. (Gênesis 49:25)

A imagem de Deus como uma mãe que amamenta oferece às mulheres que estão amamentando uma imagem de nós mesmas como Deus, e uma compreensão da total dependência de nosso bebê como uma condição de toda a humanidade. Quando nós, como pais, sentimos a impotência e falta de capacidade de nossos recém-nascidos para exercer controle sobre suas circunstâncias, nos identificamos com o ponto de vista deles. Realmente, a fome, o frio, o desconforto e a ameaça de uma solidão infinita se instalam pelo menos até que A Toda-Poderosa apareça e instantaneamente ofereça comida e abrigo, calor e amor, e uma habilidade aparente de ler sua mente e descobrir suas mais profundas necessidades e desejos.

Quando meu marido não consegue consolar nossa filha, ele a passa para mim, e, brincando, me chama de “deus”. Realmente, a amamentação me ofereceu uma nova poderosa teologia. Para mim, é tanto divertido quanto aterrorizante ter um ser humano totalmente dependente de você. Minhas responsabilidades me fizeram experimentar um pouco do sagrado, do papel de Deus de consolar a humanidade, do que significa ser a pessoa que está controle, o axis mundi, o “objeto idealizado” – o adulto, a mãe.

Nossa experiência com o divino começa com a imagem que temos de nossos pais: diante de nossa aterrorizante impotência, eles parecem onipotentes, beneficentes e oniscientes. Como adultos, a imagem de Deus como nossa mãe que nos alimenta ainda ressoa do livro de orações de forma emocional, embora algumas pessoas se sintam intelectualmente incomodadas. A mãe que amamenta é o principal ícone dessa força supridora, que é a base sobre a qual construímos nosso conceito de Deus.

Essa imagem é relevante e evocativa de uma maneira que Deus o Rei, ou Deus o Guerreiro, ou Deus o Governador do Universo não é. Através dos meus seios – meus próprios shadayim – estabeleci uma ligação judaica profunda com Deus a Mãe que Amamenta, com o Deus que nos dá a paz como um rio de leite, que nos garante correntes transbordantes quando nossas vidas dependem disso, que nos carrega em Seu quadril, nos mantém vivos com Seus seios que nos amamentam. Como eu tento fazer pela minha filha.

As mães deveriam poder amamentar em qualquer sinagoga, e ser aplaudidas por fazerem algo que é uma herança religiosa, realmente, judaica. Textos religiosos que validam – e não suprimem – a imagem poderosa de Deus a mãe que amamenta, precisam ser divulgados para que a congregação possa começar a enxergar a amamentação como algo sagrado e milagroso. Gênesis Rabbah, 53:9, por exemplo, diz: “Nossa mãe Sara era extremamente modesta, por isso nosso pai Abraão teve de dizer a ela: ‘Não é tempo de modéstia. Para santificar o nome de Deus, descubra seu seio, para que todos possam conhecer os milagres que o Santo começou a fazer’. Sara descobriu o seio, e seus mamilos jorraram leite como jatos de água!”. As mães que estão amamentando entenderão a modéstia de Sara como sua; os pais terão precedentes religiosos para apoiar suas esposas: Abraão argumenta claramente nessa passagem que, na amamentação, a santidade e a ligação com o divino se sobrepõem à modéstia.

Precisamos recorrer a este aspecto da tradição judaica quando as barreiras contra a amamentação são levantadas, desafiar nossas sinagogas e conselhos e acolher as mães que estão amamentando. Que as nossas vozes sejam escutadas como judias que defendem o apoio completo às mulheres que amamentam, no local de trabalho e na sociedade como um todo. Afinal, as mães que amamentam no nosso meio manifestam a presença de Deus no nosso mundo.

 

MENDELSOHN, Aurora. Amamentando na sinagoga. Trad. Karla Rahmann. Com Shalom, São Paulo, 2003, v. 6, n. 261, p. 22-25.

Original em:

MENDELSOHN, Aurora. Nursing in Shul. Lilith, New York, Fall, 2002. Disponível em: http://www.lilith.org/shop/download/v27i03_Fall_2002-09.pdf. Acesso em: 2 dez. 2014.

Breve (mas nem tanto) análise sobre institucionalização

Algumas coisas que aconteceram comigo nas últimas semanas me fizeram refletir sobre como a institucionalização afeta nossas vidas. Não quero, de maneira nenhuma, provar que isso seja bom ou ruim, apenas quero propor uma reflexão superficial em cima de alguns pontos.

Desde a antiguidade, nossa sociedade vem sendo fundamentada nas relações de dependência entre uns e outros, seja ela comercial, material ou até emocional. Porém, principalmente nos últimos séculos, essa dependência, em diversos níveis, passou a ser institucionalizada.

Durante toda nossa vida, de certa forma, dependemos em diferentes graus de Instituições: dependemos de escola para deixar nossos filhos para ensina-los do A B C às ciências da vida enquanto trabalhamos para sustentar nossas famílias, dependemos de hospitais para termos cuidados necessários à nossa saúde, dependemos de asilos para deixar nossos pais e avós pois não temos mais tempo disponível para cuidar deles.

Da infância à terceira idade, estamos sujeitos a sermos institucionalizados.

NA INFÂNCIA

Quando ainda na primeira infância, com o fato dos pais trabalharem, as poucas opções que a família tem para a criança são: deixá-la com um parente ou um conhecido, contratar alguém para tomar conta dela, ou matriculá-la em uma creche ou escolinha. É bem sabido que o contato e a vivência que crianças na primeira infância tem com outras nessa mesma fase auxiliam no desenvolvimento do controle dos movimentos, da fala e da socialização. Porém quando os pais, assim como eu, optam por colocar os filhos numa escola, estão cientes que seu filho, e toda a família por conseqüência, estarão sujeitos às regras e costumes da instituição. É muito difícil (diria até que beira o improvável) que uma escola trate as crianças como indivíduos diferentes uns dos outros, com necessidades diferentes, com evoluções diferentes e com históricos familiares muito diferentes.

Infelizmente o modelo comum de escolas e creches que temos aqui no Brasil hoje, principalmente as públicas, tem finalidade assistencialista pois, pela falta de professores e auxiliares, não tem capacidade de realizar muitas outras atividades a não ser alimentar as crianças e mantê-las limpas. Sendo assim, é muito difícil tratar as crianças individualmente, pois isso toma tempo.

Tenho vivido isso com minha filha. Ela está com quase 2 anos e meio e desde os 2 anos, as professoras da escola vem “forçando” um desfralde. Para escola é muito melhor quando uma criança vai ao banheiro sozinha e as professoras não necessitam trocar fraldas. Elas me perguntavam se eu estava tirando a fralda dela em casa, pois elas estavam tentando na escola, porém, ela nunca pedia para ir ao banheiro e, consequentemente, fazia todas as vezes nas calças. Uma professora até me disse que era melhor eu tirar a fralda de uma vez, inclusive à noite, pois assim ela se acostumaria logo.

 Acho isso muito desgastaste: ela faz xixi pela casa toda, eu fico estressada por ter que limpar (trabalhar 8 horas por dia e ainda, ao invés de gastar meu tempo brincando com ela, teria que gastar limpando o chão e repetindo para ela que não pode fazer no chão sendo que ela ainda não consegue fisionomicamente segurar o xixi e avisar que quer fazer é muito estressante para mim). Não acreditava que ela estava pronta justamente por isso: ela não conseguia avisar antes de sair, só avisava quando já estava fazendo. Aí já era tarde! Sempre achei que a melhor maneira de desfraldar era deixar ela me avisar quando estivesse pronta. Como? Simples: quando ela começasse a me pedir para fazer. De 2 semanas para cá ela vem conseguindo avisar e segurar até chegar ao lugar certo. No último domingo fomos à missa pela primeira vez sem fraldas! Fomos 2 vezes ao banheiro: 2 alarmes falsos, mas pelo menos não tivemos surpresas! E já fazem 4 noites que ela acorda seca. Muito em breve espero estar completamente livre de fraldas (pelo menos até o segundo vir…)

Sei que se não trabalhasse e estivesse o dia todo com ela, não haveria essa pressão! Imagino o que estamos ensinando às crianças com esse tipo de conduta:   não importa o seu desenvolvimento, você deve se enquadrar aos ideais da escola que tirou, sabe-se lá de onde, que uma criança deve desfraldar até 3 anos (quando não com 2).

NA GRAVIDEZ

Creio que não há período mais belo e significativo para uma mulher do que quando está grávida. Você se sente a mulher mais linda do mundo mesmo estando barriguda, tem desejos alimentares mil e todos são atendidos num piscar de olhos (dentro das possibilidades, é claro), todo mundo te dá a vez na fila do banco e do mercado, mas quando você chega a um hospital, a coisa muda de figura.

Os atendestes e profissionais inconscientemente fazem pressão psicológica cultural sobre a futura mãe, iniciando pelo vocativo: mãezinha (eles ainda acham que estão sendo super gentis, mas na verdade estão transformando uma mulher com nome e sobrenome em mais uma na fila do centro cirúrgico). Tratam todas as mulheres como se fossem animais, traçando nelas as escolhas médicas baseadas, na maioria das vezes, em interesses próprios e lucro institucional.

Esse tópico poderia se estender ad eternum, mas só quero contar duas experiências que tive durante a gravidez que me fizeram entender que meu parto, se eu quisesse ele do jeito que imaginava, não poderia ser institucionalizado.

20 semanas de gravidez, crise de gastrite violenta. Fui ao hospital e chegando lá, como de praxe, a enfermeira perguntou o que tinha e me fez exame de toque (se fosse um pouco mais esperta na época, não teria permitido) e levou meu caso ao médico. Este me receitou glicose, buscopan, plazil e mais um medicamento que não me recordo, diretamente na veia. Assim que enfermeira (ou auxiliar, também não sei ao certo o cargo desta profissional que me atendeu) colocou a injeção em minha veia, senti que estava fora.

 Avisei que estava muito dolorido e que não estava no lugar certo. Ela insistiu que a injeção era muito dolorida mesmo e que teria que colocar aos poucos. Ela continuou injetando e eu continuei a falar que estava fora. Quando já havia sido aplicada metade da injeção, meu braço começou a ficar roxo e só aí ela retirou a injeção.

 Ela quis então aplicar na mão. Eu disse que minhas veias da mão não eram boas e que sempre estouravam. Mas ela insistiu. Não deu outra: foi espetar a injeção e já embolou.

 Ela me disse que isso ocorreu pois eu estava muito nervosa. E não era pra estar??? Só então ela colocou no meu outro braço corretamente e conseguiu injetar o restante. Depois disso descobri que buscopan deve ser diluído em soro e não ser aplicado diretamente na veia, pois pode dar taquicardia. Legal, né? SQN!

 Segundo episódio: 32 semanas, 1h da madrugada, dor no rim. Eu já havia tido pedra no rim e conhecia a dor. Tinha certeza que estava com pedra no rim. Não esperei 10 minutos, e apesar de querer distância de hospital, pedi para meu marido me levar urgentemente para o lá. Após a sessão de horror no exame de toque (de novo, eu sei!), fui internada. Passei a noite tomando buscopan no soro (pelo menos acertaram dessa vez).

 Às 7h da manhã foi a primeira vez que vi um médico. Ao ler meu prontuário, a enfermeira disse que eu havia chegado com início de trabalho de parto e não havia nada descrevendo minha dor renal. Na hora disse ao médico que eu não estava em trabalho de parto e que tinha certeza que estava com cólica renal. Assim fiquei mais 3 dias internada, vendo as outras pacientes, notadamente mais simples e com menos estudos que eu, sendo levadas a crer que o melhor para elas era uma cesárea, pois era mais cômodo.

Após essas experiências, percebi que o ambiente hospitalar como hoje temos no SUS em 99% do nosso país (já existem 1% de sementinhas do bem sendo espalhadas por aí, e espero que em breve aumente muito essa porcentagem) não é propício para aquelas mulheres que pretendem ter um parto lindo, sem intervenções, ou que simplesmente não querem acabar numa desnecessária imposta pela instituição que tem como ordem de trabalho mandar para o centro cirúrgico depois um um limite baixo de horas em TP. Por isso, escolhi e planejei parir em casa. Mas isso é história para outro post.

NA TERCEIRA IDADE

Continuando a análise, creio que a mesma situação que ocorre quando crianças, nos ocorre também quando velhos: ao chegar a certo ponto de incapacidade física e mental, muitos idosos são colocados em clínicas pelos familiares ou vão por conta própria (sei que isso é um blog materno, mas assim como todos fomos crianças, creio que todos almejamos chegar à terceira idade, por isso quis escrever este último tópico). Reitero: não que isso seja ruim, pois assim a pessoa terá toda a assistência de que necessita (pelo menos em tese): alimentação, cuidados médicos, e, o mais importante ao meu ver, a socialização.

Mas, ao ser institucionalizado, o idoso deve se adaptar à rotina e às normas da casa de repouso ou do abrigo. E, se ele ainda está consciente e ativo, a tendência dele ao viver com outras pessoas muito mais debilitadas do que ele é tomar o mesmo rumo. Um exemplo disso é que o idoso que tem completo domínio sobre o aparelho urinário acaba por ser obrigado a utilizar fraldas geriátricas numa instituição onde os outros moradores precisam desse cuidado. Essa forma de nivelar os tratamentos é mais fácil e cômoda para a instituição, pois não necessitará dispor de um funcionário para limpar o chão ou os móveis caso ocorra um incidente (Não que isso ocorra em todas, mas creio que deva acontecer em muitas).

E assim, o idoso vai sendo submetido a regras que não se enquadram em suas necessidades como indivíduo, mas, como ele está lá dentro, deve obedecer.

FINALIZANDO… (UFA!)

Os salários dos funcionários são, de longe, o maior ônus de uma instituição, assim sendo, fica muito difícil que uma instituição que cuida de pessoas, seja uma escola, um hospital, um asilo ou qualquer outro tipo, tenha dinheiro para arcar com empregados suficientes para que seus clientes / alunos / moradores tenham um tratamento individualizado, como seria o ideal.

Fico me indagando (e deixo para você que está lendo esta indagação) até que ponto esse tipo de conduta influencia em nossa saúde física e emocional, individual e coletiva, e quais as soluções possíveis para que nossa sociedade entenda que cada um tem uma necessidade diferente e aprenda a lidar com isso.

Desculpem a Bíblia que escrevi, mas estava precisando desabafar. Sei que o assunto é meio pesado para um primeiro post, mas não poderia deixar de expor meu sentimento de impotência em relação a isso e, tentar achar em conjunto soluções para isso.

Juliana Troll Trujillo, ou simplesmente Ju.

Mãe, esposa, filha, irmã, dona de casa, atual coordenadora da Universidade Aberta da Terceira Idade da FESC e mulher: tudo junto e misturado.

Receita de Gingerbread

Seu filho é daqueles que adora brincar de massinha? A minha adora, e no dia que fiz esses biscoitos ela super me ajudou.
Não tinha cortador na hora, mas não queria deixar sem formato, fomos  para caixa de brinquedos à procura de cortadores de massinhas, e voilà . Formas não faltaram, mas escolhemos a estrela, pois era Natal.

Deu super certo e ela curtiu pra caramba poder usar um brinquedo pra fazer algo de comer.
A receita é baseada em uma receita americana, mas se não tiver manteiga, e quiser usar margarina, pode usar, mas a margarina precisa conter no mínimo 70% de lipídios, ok?

 

Receita de Gingerbread (biscoito de canela)

Receita Gingerbread | Gingerbread Recipe

Ingredientes

– Manteiga sem sal em temperatura ambiente: 125 gr
– Açúcar mascavo: 100 gr
– Glucose de milho: 125 ml
– Ovos separados em gema e clara: 1 unidade
– Farinha de trigo: 375 gr
– Gengibre em pó: 1 colher de sopa
– Canela em pó: 1/2 colher de chá
– Noz moscada: 1/2 colher de chá
– Bicarbonato de sódio : 1 colher de chá

Modo de preparo

– Preaqueça o forno a 180 ° C. e unte levemente com manteiga 2 tabuleiros (assadeiras).

Passo 1

– Bata na batedeira a manteiga e o açúcar até formar um creme claro.

Passo 2
– Adicione a glucose de milho e a gema de ovo e bata até que fique bem misturado.

Passo 3
– Em seguida desligue a batedeira e acrescente a farinha, o gengibre, a canela, a noz moscada e o bicarbonato de sódio.

Passo 4
– Transfira para uma superfície levemente enfarinhada e sove até ficar homogêneo.

Passo 5
– Abra a massa até que ela fique com aproximadamente 5 mm de espessura.
– Use um cortador para fazer as estrelas (ou outro formato que desejar).

Passo 6
– Coloque nas assadeiras com aproximadamente 3cm de distância entre cada biscoito.
– Repita com o restante da massa.
– Asse no forno por 10 minutos ou até dourar.

– Retire do forno e transfira para uma grade até esfriar.

– Decore com açúcar de confeiteiro polvilhado.

Beijos, Cassis e Tarsi

Organizando-se em detalhes

Consegui fotografar meu caderno para exemplificar como me organizo por aqui, com isso, este post será para ilustrar o anterior.

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Essa é minha rotina semanal. Eu dividi nestes quadradinhos o que precisa ser feito, o que pode ser feito se houver tempo, o que fazer em cada período. Fiz uma página dessa para cada dia da semana (inclusive sábados, domingos e feriados).

Além de afazeres domésticos, aí consta também, as atividades das crianças, as minhas atividades pessoais e profissionais.

Esse lay-out eu baixei da internet e imprimi. Infelizmente não me lembro da origem.

 

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Este é o calendário mensal. Nele eu marco os eventos com seu horário, e acompanho as datas.

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Essa é a lista que mencionei, das rotinas diárias. Tudo o que precisa ser feito, desde cuidados com as crianças e comigo, limpeza doméstica e outras atividades. Inclusive tempo de descanso.
Essa lista é um guia, com base nela eu anoto no próprio caderno a data e repito tudo na sequência que pode/precisa ser feito.

“Mas você anota todo dia?” Não. Eu fiz isso por pouco mais de uma semana. E volto a fazer sempre que percebo que estou me desorganizando novamente.
“Mas não é muita bitolação?” Olha, foi o que me ajudou. Primeiro porque ao escrever toda noite o que preciso fazer no dia seguinte, eu gravo mentalmente, introspecto aquela rotina. Assim, ao acordar eu vou conferindo o que fazer ao longo do dia e administrando meu tempo.
Nem sempre faço tudo o que está anotado, mas consigo ter uma idéia do que consigo fazer, do que precisa mudar, pra me organizar pro próximo dia. Até que isso fique automático.

2014-11-11 09.57.34Exemplo de anotação diária

 

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Esse plano de organização e limpeza de 20 dias eu achei aqui: http://20daychallenge.theorganisedhousewife.com.au/join-us/

Eu imprimi todas as folhas dos 20 dias, e modifiquei algumas coisas, porque obviamente a casa para a qual este desafio foi criado era bem maior que a minha.
Essa é uma sequência onde você limpa e organiza um cômodo por dia, limpeza pesada mesmo, e ajuda a organizar uma rotina para manter a casa assim sempre.
Pode ser feita uma vez por ano, eu faço no começo do ano, que é quando rola aquela energia de mudança, limpeza, organização e desentralhe do ano passado.

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O próximo passo é organizar um cardápio. Este exemplo está ultrapassado, eu já modifiquei. Mas a maneira mais fácil é fazer sempre uma mesma base (arroz, feijão e salada por exemplo) e programar o diferencial (mistura diferente a cada dia, lanches, sobremesas, etc.).

Com o cardápio pronto, você produz sua lista de compras:

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E depois de um tempo fazendo isso, criei esses quadrinhos pra deixar tudo mais visível e bonito:

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Nos quadrinhos usei molduras de MDF, papéis de scrapbook da Goodies e caneta para retroprojetor.

Então, é isso. Vale a pena montar um esquema, anotar tudo e seguir suas anotações por um tempo. Até se acostumar. E estar tranquila de que nem sempre tudo será feito naquele dia conforme o programado, pois haverão variáveis imprevisíveis.

No próximo post, como prometido, falo do desafio de dividir seu tempo entre você, a família e a casa.
Até mais!

Mariana Elis

Das escolhas da maternidade – quando destino acerta

Quando engravidei eu vivia uma fase intensa da minha vida. Estava no quarto ano da graduação (me formaria em cinco), de um curso integral, extremamente exigente, incompatível com maternidade. Meu marido, namorado na época, tinha começado o doutorado e estava com uma viagem marcada para ficar um ano fora do país.

A gravidez foi totalmente inesperada. Passado o susto inicial, na décima primeira semana da gestação o segundo susto: eram gêmeos. Meus filhos que me perdoem se um dia lerem isso, mas aquele dia eu me senti a pessoa mais azarada do mundo!

A vida mudou de repente. Com muito apoio da nossa família, financeiramente inclusive, começamos a organizar o que precisava pra gente se casar, montar um lar e esperar os bebes chegarem. Mas, antes que eu pudesse fazer isso tudo com tranquilidade e começar a curtir a gestação, todas as mudanças que estavam acontecendo com meu corpo e minha vida, outro susto: os meninos nasceram, prematuros extremos, com 29 semanas de gestação. Tivemos que enfrentar sessenta longos dias de uti neo, todos o pacote de intervenções e intercorrências que os bebês tiveram e de brinde uma lesão cerebral em cada um, que gerou sequelas motoras. Se você acha que um filho muda a vida, dois com paralisia cerebral muda muito mais, garanto!

Esse texto é pra falar sobre carreira, escolhas e maternidade. Como é que é? Carreira? HAHAHAHAHA isso não te pertence mais Laura! Acho que já deu pra perceberem né ?!

Pois é, foi exatamente isso que aconteceu. No início da gravidez, embora eu tenha ficado desesperara, afinal filhos não estava nos meus planos e eu gostava da minha vida de universitária (inclusive da parte de ter que estudar e me dedicar muito ao curso), eu me acalmei e imaginei que fosse dar tudo certo. Imaginei que as crianças iriam nascer, com 6 meses iriam pro berçário e eu terminaria a graduação. No pior dos cenários eu atrasaria 6 meses, 1 ano a formatura.

Mas… eu simplesmente não consegui voltar! E foi aí que se instalou na minha vida uma crise enorme. Eu não queria não poder voltar. Eu não queria largar tudo e ficar em casa o tempo todo me dedicando somente aos meninos. O problema não era eles (eu os amava incondicionalmente ), nem sentir falta da vida antiga que eu tinha, mas a tristeza de saber que eu tinha já estudado tanto, faltava tão pouco pra eu ter minha profissão, e eu não podia terminar aquilo. Nadei, nadei e morri na praia. Não dava, era incompatível. Meus filhos precisavam de mim, eu tinha que cuidar deles e fim de papo. Eu via as mulheres colocando seus bebês com pouco mais de 5 meses no berçário e retornando aos seus trabalhos e sentia frustração por não fazer o mesmo. Mas meus filhos eram diferentes, eles precisavam de cuidados que bebes “normais” não precisam, a rotina era mais difícil, e eram 2 né! Tudo o que eu não conseguiria encaixar na minha vida naquele momento seriam os estudos.

Minha salvação foi ter encontrado na esfera virtual grupos de apoio de maternidade consciente, que foi quando eu passei a ter contato com mulheres (várias se tornaram amigas na vida real também) que falavam de maternidade ativa, da maternidade fora da “matrix”, (de parto humanizado, criação com apego, alimentação saudável, e muitos outros assuntos), e descobri um novo mundo, o qual eu me encontrei perfeitamente como mãe e tudo o que antes estava solto na minha mente começou se encaixar. Antes, quando eu pensava sobre isso eu não sabia decifrar exatamente o porque estava pensando. Questionar as coisas como elas são dá um trabalho enorme e incomoda no início (principalmente quando o assunto é maternagem!!!), porque faz a gente sair da nossa zona de conforto e perceber como estamos acostumados a fazer tudo no “modo automático”, sem ao menos questionar se é o que consideramos correto ou não. Mas agora tudo fazia sentido. Foi aí que eu percebi que eu estava tendo uma grande chance, que algumas mulheres tanto queriam e não tinham, de  poder curtir cada momento da primeira infância dos meus filhos. Foi muito cansativo sim, alguns momentos chegava a beirar a loucura, mas foi maravilhoso poder vivenciar tudo o que aconteceu com eles nos primeiro ano de vida, fazer do meu jeito, seguir os meus instintos e principalmente o fato de poder resgatar o tempo que passaram na uti quando nasceram e fortalecer o nosso vínculo.

Com o tempo, várias coisas que antes eram importantes para mim, agora já não fazia mais sentido, e uma delas foi minha profissão. A maternidade  me mudou completamente, me fez enxergar quantas coisas nos dias de hoje estão erradas, como o mundo está perverso e como faz diferença na vida de uma criança ter a mãe por perto o máximo de tempo possível. Foi um caminho sem volta e sou muito grata por ter tido a oportunidade, mesmo que na época tenha sido imposta, de poder ter vivido e ainda viver intensamente a infância dos meus filhos da maneira como foi.

Hoje meus interesses são completamente diferentes dos que eu tinha aos 20 anos, não tenho um diploma, mas graças a tudo o que os meus filhos me ensinaram e apoio do marido e família, encerrarei esse ciclo da infância dos meus filhos feliz. Os meninos, agora com com 3 anos e 3 meses, ainda precisam de vários tratamentos de reabilitação e nossa rotina de terapias é diária, mas finalmente entramos numa fase que agora posso pensar novamente na minha vida profissional. Sinto muita alegria de olhar pra tráz e ver como amadureci, e muito alivio de poder dar outros rumos a minha carreira. Quem sabe até começar outra graduação..

Sem dúvidas, hoje eu seria muito infeliz se tivesse que fazer da vida o que eu escolhi aos 17 anos. Obrigada meus filhos.

Laura S. Moratti

Das escolhas da maternidade – Organizando-se

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Organização é essencial para quem exerce mais de uma atividade concomitante, especialmente atividades recheadas de responsabilidades em campos diversos.

Neste tópico, pretendo esmiuçar dicas de como se organizar e conseguir manter em ordem todas as suas tarefas, sem exageros ou perfeccionismo.

Li uma vez em algum blog perdido por aí que: Para ter uma casa perfeitamente arrumada ou você contrata alguém para fazer isso pra você ou você deixa de fazer todas as outras coisas que faz e se dedica a isso.

E é verdade. Ao menos para a realidade da maioria das pessoas com ou sem filhos que conheço. Então o foco deve ser conseguir manter um mínimo de organização, limpeza adequada e comida suficiente. O que vier além é lucro.

Para isso, como mencionei no tópico anterior, existem diversas dicas internet afora, em quase todas as redes sociais e principalmente blogs de mães e donas de casa. Uma infinidade de estilos de se organizar e ainda alguns grupos que pretendem oferecer dicas, um sistema e apoio, via e-mail.

Depois de alguns anos tentando seguir a risca todas essas dicas e grupos, eu descobri que tinha um problema horrível com organização: nunca aprendi a me organizar.

Mesmo criando documentos, planilhas, agendas, fichários, eu acabava fazendo mais bagunça que ordem.

O que fiz foi, então, reunir todo esse inventário de idéias e repensar pela minha ótica, de acordo com as necessidades e prioridades da minha família.

Uma das primeiras coisas que fiz: criei uma rotina de coisas essenciais a serem feitas, seguindo uma ordem de fatores e sem me prender a horários. Nesta rotina estão inclusos: cuidados com as crianças, comigo mesma, com a casa e eventuais trabalhos que realizo como freelance.

Então, comprei um caderno, fiz uma capa bonitinha, comprei canetas coloridas tudo pra deixar mais divertido e passei a anotar todos os dias essa rotina no caderno, para ler no dia seguinte e sair ticando conforme ia fazendo.

Foi excelente para que eu aprendesse a funcionar de maneira mais organizada. Com o tempo esta rotina foi absorvida pro mim, e eu faço as coisas quase de maneira automática, com pouca variação.

A dica, então é: faça um brainstorm e coloque no papel tudo o que precisa ser feito e o que você gostaria de fazer, quanto tempo em média leva cada atividade e qual período do dia cada tarefa precisa ou pode ser feita.

Depois, organize em forma de lista numa sequência lógica e teste. No começo pode parecer chato, ficar lendo numa lista o que precisa ser feito e ticar tudo ao terminar, mas te garanto que isso dura coisa de uma semana.

E com o tempo, você vai excluindo coisas da lista, adicionando outras e modificando conforme achar melhor.

Acredite: não há nada mais libertador do que ter a vida organizada previamente! Parece o contrário, mas não. Se você se organizou e conseguiu cumprir tudo o que precisava, terá mais tempo livre e disponibilidade para fazer coisas espontâneas.

No próximo post falaremos sobre o dilema de conciliar todas as suas atividades com a criação de seus filhos.

Até lá!

Das escolhas da maternidade

Quando me tornei mãe, cerca de 5 anos atrás, me vi diante de diversas escolhas a serem feitas que envolveriam não só a mim, mas a outras pessoas, dentre elas minha filha.

Uma das escolhas mais difíceis e mais certeiras foi a decisão entre trabalhar fora ou ficar em casa cuidando da cria. Eu tinha direito a uma licença de 6 meses, e antes mesmo disso já tinha me decido em não retornar ao trabalho.

Dentre vários motivos externos, o principal motivador foi não conseguir imaginar minha filha sendo cuidado por outra pessoa a maior parte do dia. Eu queria eu mesma cumprir esse papel, por ela e por mim.

Foi uma decisão bem pessoal, e acarretou em assumir a responsabilidade de muitas coisas, dentre elas a maior parte dos serviços domésticos, afinal eu passaria a maior parte do meu tempo, pelos próximos anos, dentro de casa.

Aprendi com isso, algumas coisas que divido com vocês:

1) Serviço doméstico nunca acaba

Sempre haverá louça a ser lavada, roupa espalhada pela casa, brinquedos jogados por todos os cantos, farelos de comida pelo chão. Por isso, é muito importante se organizar e delegar.

Vários anos levaram para que eu conseguisse encontrar um planejamento organizacional que funcionasse na minha casa. Segui dicas de diversos blogs e adaptei a minha realidade. Especificarei este tópico melhor na próxima postagem.

2) Ser mãe em tempo integral é diferente de ser dona-de-casa

Por que digo isso? Porque para assumir integralmente os cuidados por uma criança, pouco tempo lhe sobra para realizar outras atividades, o que pode ser desgastante.

Novamente, é preciso muita organização, e nem sempre relacionada a rotinas fixas, uma vez que crianças tendem a ser metamorfoses ambulantes, Cada momento da vida delas demanda um tipo diferente de atenção e cuidado, e precisamos ir nos adaptando a elas sem nos engessar.

Sobre este desafio, falarei mais especificamente em uma postagem futura.

3) Existem coisas que não podem ser deixadas para depois e existem aquelas que devem ser deixadas para quando der

Se a decisão de ficar em casa foi motivada pelo cuidado com os filhos, como vimos no tópico anterior, isto implica em deixar muita coisa a ser feita. Coisas que a gente num primeiro momento imagina que é muito importante.

Porém, para que o ambiente seja saudável e adequada a ser habitado por você e sua família, algumas coisas não podem ficar sem solução.

As dicas referentes ao tópico 3 também serão esmiuçadas em postagem futura  (estou criando uma série, pelo visto).

4) Todos que moram na casa tem responsabilidade pela limpeza e organização da casa

Sim! Todos! Você e quem mais habitar seu lar, seja de que gênero ou faixa etária for tem algum grau de responsabilidade por manter a organização e limpeza domésticas.

Seja via divisão de tarefas, seja no dia a dia tomando para si essa responsabilidade diante da necessidade do momento.

E esta será a postagem que encerrará esta série (que criei sem querer querendo, rs)

Enfim, a maternidade me deu a oportunidade de descobrir tudo isso e me auxiliou em me tornar uma pessoa mais organizada, saudável e livre. Acompanhe essa série comigo!

Mariana Elis

Sobre o Papo Materno

Olá, recebam as boas vindas a este espaço de trocas e muita conversa!
Somos mães, gostamos de conversar, gostamos de nos informar, de trocar experiências e estudos.
Este espaço irá reunir essas trocas, desde artigos científicos sobre temas relacionados ao mundo materno até receitas gostosas, dicas de brincadeiras, idéias para lazer da família, entre outras coisas.

Temos em comum a maternidade, que cada uma exerce de acordo com seus princípios, sua cultura, sua forma de pensar. E além disso, adoramos um bate-papo!

Sintam-se a vontade para papear conosco, de forma séria ou descontraída, o tom quem rege é você!

P.s. Em breve, cada uma de nós se apresentará!

Mariana Elis, mãe da Luisa e do Pedro