Das escolhas da maternidade: conciliando a criação de seus filhos com suas demais atividades

Depois de longo período afastada do blog devido a compromissos pessoais (estava trabalhando em uma loja de orgânicos), consegui retomá-lo como prometido e seguir aquela série de postagens que todos estão aguardando ansiosamente (assim a gente sonha, rs).

Esta postagem, mais uma vez, retrata escolhas que eu fiz pra minha vida, e propõe dar dicas de como poderia funcionar para qualquer um, independente das escolhas feitas.

Para começar, vou contextualizar que eu ter escolhido ficar em casa e criar meus filhos com apego foi algo que surgiu natural e espontaneamente na minha vida. Algo que nunca planejei de fato, pois antes de ser mãe eu imaginava que a maternidade era muito mais fácil e tranquila. Luisa, minha primeira filha, revirou meu mundo e minhas certezas de cabeça para baixo e me motivou a me reconstruir como ser humano e como mulher.

Para cuidar dela, com eu achava que devia, optei, com apoio do pai dela, em ficar em casa, cuidando integralmente. Nossas motivações se basearam em: queríamos que Luisa fosse amamentada exclusivamente ao seio pelos primeiros 6 meses de vida e que continuasse a ser amamentada até que desmamasse naturalmente ou pelo menos que mamasse para além dos dois anos.

Além disso, colocamos na ponta do lápis o quanto gastaríamos se eu voltasse a trabalhar e tivesse que deixá-la sob os cuidados de outra pessoa e eu teria que ganhar muito para compensar, o que era praticamente impossível na conjetura do momento. Então foi uma decisão bem tranquila de tomar, meu salário não era imprescindível para o sustento da casa, e economizaríamos mais se eu fosse a cuidadora principal de Luisa.

Fora os benefícios psicológicos e emocionais tanto para mim quanto para ela, que sem duvida, nos pareceram insuperáveis. Portanto, esta foi a nossa escolha enquanto família e minha escolha pessoal. Friso, para não parecer que fui levada a esta decisão por terceiros, eu realmente me decidi por isso e contruí muito bem meus argumentos, obrigada, para ninguém questionar esta decisão.

Dito isto, vamos a parte prática da coisa. Como conciliar cuidar integralmente de uma criança e fazer quaisquer outras coisas na sua vida? Bem, a primeira palavra mágica é: apoio! Imprescindível que se tenha o apoio do companheiro ou companheira, ou de quem mais fizer parte da família e do convívio diário. Para quem está próximo da família de origem e tem bom relacionamento, avós, tios e tias, primos e primas são de grande auxílio.

Tem apoio? Ótimo! Você com certeza tem como deixar a cria supervisionada para engajar em alguma outra atividade. Mas, e quando não há apoio? Aí é necessário se virar sozinha, o que pode ser cansativo, mas não de todo impossível.

Eu tinha apoio do marido. Mas, como principal e único provedor do lar, tempo de marido era escasso. Então algumas coisas eu precisei aprender a fazer concomitante aos cuidados com o bebê.

Segundo ponto essencial: ter uma rotina organizada. Não precisa se prender a horários fixos, mas tenha uma sequencia de atividades que faça sentido pra você e que se encaixe nas suas necessidades, crenças pessoais e desejos.

Nessa rotina, tente sempre pensar em como entreter ou envolver o filho na atividade. Se você quer fazer atividade física, por exemplo,pense em atividades em que seu filho possa te acompanhar e de que maneira. Se precisa lavar a louça ou roupa, coloque uma cadeira ao lado para que ele suba e consiga ver o que você está fazendo e deixe alguma peças não perigosas próximas a ele para que brinque enquanto você trabalha. Isso, inclusive te facilita lá na frente, quando a criança já tem capacidade de auxiliar nestas atividades ou mesmo desempenhá-las por completo. Funciona como um aprendizado, um estímulo. Portanto: envolva seu filho na atividade. Sempre de forma segura, confortável e divertida para ele!

E quanto as atividades em que a criança não pode participar? Ou por ser perigoso ou por realmente ser restrito, existem atividades em que a criança não deve estar envolvida. A dica é deixar tais atividades para quando a criança estiver dormindo, ou quando outra pessoa puder ficar com ela. E isso inclui, deixar o almoço preparado desde as 6h da manhã, ou fazer um quantidade enorme de comida no domingo pra ir descongelando ao longo da semana. Foco! É melhor comer comida requentada do que não conseguir cozinhar nada fresquinho pois seu filho está se esgoelando pendurado nas suas pernas, ok? Quando for possível cozinhar fresquinho, faça, mas quando não ao menos voce sabe que tem comida pronta no congelador e de fome você não morre.

Se você trabalha em home office, seja no computador ou com artesanato, por exemplo,é preciso que se tenha em mente de que suas metas podem ficar atrasadas, então não assuma mais responsabilidades do que te cabe. Contudo, sempre é possível ensinar a seus filhos que em determinado momento você precisa se concentrar naquela atividade e pode oferecer a ele alguma atividade que o deixe concentrado por um período mais longo também, como: desenhar, montar blocos, brincar com massinha e se nada mais funcionar e o trabalho estiver acumulado e você a beira do desespero: pode apelar para a televisão. Desde que, é claro, a criança já tenha seus dois anos de idade, não se torne um hábito rotineiro e você conheça previamente o conteúdo do que vai exibir. Eu dou preferência a filmes, aqui em casa, tem uma historia, tem música. Enfim, depois de terminado o filme é legal conversar sobre ele, propor alguma brincadeira  baseada nele, para que não fique apenas uma atividade vazia na rotina da criança.

É preciso, porém, ter cuidado com o uso desta ferramenta, pois a criança pode ficar dependente de assistir televisão e dependendo do que é exibido demonstrar mudanças de comportamento, padrão de sono e aprendizado.

Vou encerrar a postagem com alguns exemplos pessoais:
-Atividades domésticas: lavo louça com a cadeira ao lado, para que subam e participem; peço ajuda para separar as roupas para colocar na máquina de lavar e para dobrar e guardar depois de secas, na hora de cozinhar, deixo que participem de alguma forma, por exemplo lavando a salada, arrumando a mesa, pegando ingredientes e utensílios na geladeira ou armário. Na hora de varrer o cão, brinco de quem consegue pegar mais coisas do chão e colocar no lugar (armário, prateleira, etc.) mais rápido. Quem ganha, pode escolher o próximo passeio. Sempre intercalo uma atividade da casa com uma atividade das crianças, geralmente proposta por elas, mesmo que isso faça com que eu levo o dia todo para terminar tudo. Eles ficam menos agitados e mais fáceis de lidar. Aproveito as sonecas para descansar, ler, assistir algum seriado, se eles estão dormindo, eu estou descansando, do contrário fico cansada muito rápido e não consigo terminar minhas atividades.

– Atividades pessoas: atualmente eu corro e faço aulas de pole dance. Mas já fiz yoga, frequentei academia, etc. Tudo depende da disponibilidade para estar com meus filhos ou ter alguém que os acompanhe. Para facilitar a corrida eu comprei de segunda mão um daqueles carrinhos próprios para carregar o bebê durante a atividade. Comprei de uma amiga e parcelei, mas me ajudou muito. Meus filhos também me acompanham na maioria das vezes a aula de pole dance, e geralmente ou brincam com os brinquedos que a dona do estúdio disponibilizou só para este fim, ou brincam nas barras, junto com as alunas. Além das atividades físicas eu tenho meus hobbies também e atualmente são: costurar e fazer scrapbooking. Mais uma vez, ou eles estão junto comigo, e daí vou distribuindo pedacinhos de tecido ou papel apra que eles brinquem, ou eles brinca ao lado, de alguma outra coisa. E se não estiver funcionando, eu paro o que estou fazendo e vamos todos fazer alguma outra coisa.

Enfim, espero que algumas dicas e experiências possam ajudar a alguém, inspirar de alguma forma a fazer ajustes em sua rotina para que consigam também conciliar cuidados consigo propria, com outras atividades e a criação dos filhos da forma como escolheu fazê-lo.

No próximo post vamos falar sobre como elencar as necessidades de todos da família de forma equilibrada. Até lá!

Organizando-se em detalhes

Consegui fotografar meu caderno para exemplificar como me organizo por aqui, com isso, este post será para ilustrar o anterior.

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Essa é minha rotina semanal. Eu dividi nestes quadradinhos o que precisa ser feito, o que pode ser feito se houver tempo, o que fazer em cada período. Fiz uma página dessa para cada dia da semana (inclusive sábados, domingos e feriados).

Além de afazeres domésticos, aí consta também, as atividades das crianças, as minhas atividades pessoais e profissionais.

Esse lay-out eu baixei da internet e imprimi. Infelizmente não me lembro da origem.

 

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Este é o calendário mensal. Nele eu marco os eventos com seu horário, e acompanho as datas.

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Essa é a lista que mencionei, das rotinas diárias. Tudo o que precisa ser feito, desde cuidados com as crianças e comigo, limpeza doméstica e outras atividades. Inclusive tempo de descanso.
Essa lista é um guia, com base nela eu anoto no próprio caderno a data e repito tudo na sequência que pode/precisa ser feito.

“Mas você anota todo dia?” Não. Eu fiz isso por pouco mais de uma semana. E volto a fazer sempre que percebo que estou me desorganizando novamente.
“Mas não é muita bitolação?” Olha, foi o que me ajudou. Primeiro porque ao escrever toda noite o que preciso fazer no dia seguinte, eu gravo mentalmente, introspecto aquela rotina. Assim, ao acordar eu vou conferindo o que fazer ao longo do dia e administrando meu tempo.
Nem sempre faço tudo o que está anotado, mas consigo ter uma idéia do que consigo fazer, do que precisa mudar, pra me organizar pro próximo dia. Até que isso fique automático.

2014-11-11 09.57.34Exemplo de anotação diária

 

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Esse plano de organização e limpeza de 20 dias eu achei aqui: http://20daychallenge.theorganisedhousewife.com.au/join-us/

Eu imprimi todas as folhas dos 20 dias, e modifiquei algumas coisas, porque obviamente a casa para a qual este desafio foi criado era bem maior que a minha.
Essa é uma sequência onde você limpa e organiza um cômodo por dia, limpeza pesada mesmo, e ajuda a organizar uma rotina para manter a casa assim sempre.
Pode ser feita uma vez por ano, eu faço no começo do ano, que é quando rola aquela energia de mudança, limpeza, organização e desentralhe do ano passado.

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O próximo passo é organizar um cardápio. Este exemplo está ultrapassado, eu já modifiquei. Mas a maneira mais fácil é fazer sempre uma mesma base (arroz, feijão e salada por exemplo) e programar o diferencial (mistura diferente a cada dia, lanches, sobremesas, etc.).

Com o cardápio pronto, você produz sua lista de compras:

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E depois de um tempo fazendo isso, criei esses quadrinhos pra deixar tudo mais visível e bonito:

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Nos quadrinhos usei molduras de MDF, papéis de scrapbook da Goodies e caneta para retroprojetor.

Então, é isso. Vale a pena montar um esquema, anotar tudo e seguir suas anotações por um tempo. Até se acostumar. E estar tranquila de que nem sempre tudo será feito naquele dia conforme o programado, pois haverão variáveis imprevisíveis.

No próximo post, como prometido, falo do desafio de dividir seu tempo entre você, a família e a casa.
Até mais!

Mariana Elis

Das escolhas da maternidade – Organizando-se

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Organização é essencial para quem exerce mais de uma atividade concomitante, especialmente atividades recheadas de responsabilidades em campos diversos.

Neste tópico, pretendo esmiuçar dicas de como se organizar e conseguir manter em ordem todas as suas tarefas, sem exageros ou perfeccionismo.

Li uma vez em algum blog perdido por aí que: Para ter uma casa perfeitamente arrumada ou você contrata alguém para fazer isso pra você ou você deixa de fazer todas as outras coisas que faz e se dedica a isso.

E é verdade. Ao menos para a realidade da maioria das pessoas com ou sem filhos que conheço. Então o foco deve ser conseguir manter um mínimo de organização, limpeza adequada e comida suficiente. O que vier além é lucro.

Para isso, como mencionei no tópico anterior, existem diversas dicas internet afora, em quase todas as redes sociais e principalmente blogs de mães e donas de casa. Uma infinidade de estilos de se organizar e ainda alguns grupos que pretendem oferecer dicas, um sistema e apoio, via e-mail.

Depois de alguns anos tentando seguir a risca todas essas dicas e grupos, eu descobri que tinha um problema horrível com organização: nunca aprendi a me organizar.

Mesmo criando documentos, planilhas, agendas, fichários, eu acabava fazendo mais bagunça que ordem.

O que fiz foi, então, reunir todo esse inventário de idéias e repensar pela minha ótica, de acordo com as necessidades e prioridades da minha família.

Uma das primeiras coisas que fiz: criei uma rotina de coisas essenciais a serem feitas, seguindo uma ordem de fatores e sem me prender a horários. Nesta rotina estão inclusos: cuidados com as crianças, comigo mesma, com a casa e eventuais trabalhos que realizo como freelance.

Então, comprei um caderno, fiz uma capa bonitinha, comprei canetas coloridas tudo pra deixar mais divertido e passei a anotar todos os dias essa rotina no caderno, para ler no dia seguinte e sair ticando conforme ia fazendo.

Foi excelente para que eu aprendesse a funcionar de maneira mais organizada. Com o tempo esta rotina foi absorvida pro mim, e eu faço as coisas quase de maneira automática, com pouca variação.

A dica, então é: faça um brainstorm e coloque no papel tudo o que precisa ser feito e o que você gostaria de fazer, quanto tempo em média leva cada atividade e qual período do dia cada tarefa precisa ou pode ser feita.

Depois, organize em forma de lista numa sequência lógica e teste. No começo pode parecer chato, ficar lendo numa lista o que precisa ser feito e ticar tudo ao terminar, mas te garanto que isso dura coisa de uma semana.

E com o tempo, você vai excluindo coisas da lista, adicionando outras e modificando conforme achar melhor.

Acredite: não há nada mais libertador do que ter a vida organizada previamente! Parece o contrário, mas não. Se você se organizou e conseguiu cumprir tudo o que precisava, terá mais tempo livre e disponibilidade para fazer coisas espontâneas.

No próximo post falaremos sobre o dilema de conciliar todas as suas atividades com a criação de seus filhos.

Até lá!

Das escolhas da maternidade

Quando me tornei mãe, cerca de 5 anos atrás, me vi diante de diversas escolhas a serem feitas que envolveriam não só a mim, mas a outras pessoas, dentre elas minha filha.

Uma das escolhas mais difíceis e mais certeiras foi a decisão entre trabalhar fora ou ficar em casa cuidando da cria. Eu tinha direito a uma licença de 6 meses, e antes mesmo disso já tinha me decido em não retornar ao trabalho.

Dentre vários motivos externos, o principal motivador foi não conseguir imaginar minha filha sendo cuidado por outra pessoa a maior parte do dia. Eu queria eu mesma cumprir esse papel, por ela e por mim.

Foi uma decisão bem pessoal, e acarretou em assumir a responsabilidade de muitas coisas, dentre elas a maior parte dos serviços domésticos, afinal eu passaria a maior parte do meu tempo, pelos próximos anos, dentro de casa.

Aprendi com isso, algumas coisas que divido com vocês:

1) Serviço doméstico nunca acaba

Sempre haverá louça a ser lavada, roupa espalhada pela casa, brinquedos jogados por todos os cantos, farelos de comida pelo chão. Por isso, é muito importante se organizar e delegar.

Vários anos levaram para que eu conseguisse encontrar um planejamento organizacional que funcionasse na minha casa. Segui dicas de diversos blogs e adaptei a minha realidade. Especificarei este tópico melhor na próxima postagem.

2) Ser mãe em tempo integral é diferente de ser dona-de-casa

Por que digo isso? Porque para assumir integralmente os cuidados por uma criança, pouco tempo lhe sobra para realizar outras atividades, o que pode ser desgastante.

Novamente, é preciso muita organização, e nem sempre relacionada a rotinas fixas, uma vez que crianças tendem a ser metamorfoses ambulantes, Cada momento da vida delas demanda um tipo diferente de atenção e cuidado, e precisamos ir nos adaptando a elas sem nos engessar.

Sobre este desafio, falarei mais especificamente em uma postagem futura.

3) Existem coisas que não podem ser deixadas para depois e existem aquelas que devem ser deixadas para quando der

Se a decisão de ficar em casa foi motivada pelo cuidado com os filhos, como vimos no tópico anterior, isto implica em deixar muita coisa a ser feita. Coisas que a gente num primeiro momento imagina que é muito importante.

Porém, para que o ambiente seja saudável e adequada a ser habitado por você e sua família, algumas coisas não podem ficar sem solução.

As dicas referentes ao tópico 3 também serão esmiuçadas em postagem futura  (estou criando uma série, pelo visto).

4) Todos que moram na casa tem responsabilidade pela limpeza e organização da casa

Sim! Todos! Você e quem mais habitar seu lar, seja de que gênero ou faixa etária for tem algum grau de responsabilidade por manter a organização e limpeza domésticas.

Seja via divisão de tarefas, seja no dia a dia tomando para si essa responsabilidade diante da necessidade do momento.

E esta será a postagem que encerrará esta série (que criei sem querer querendo, rs)

Enfim, a maternidade me deu a oportunidade de descobrir tudo isso e me auxiliou em me tornar uma pessoa mais organizada, saudável e livre. Acompanhe essa série comigo!

Mariana Elis

Sobre o Papo Materno

Olá, recebam as boas vindas a este espaço de trocas e muita conversa!
Somos mães, gostamos de conversar, gostamos de nos informar, de trocar experiências e estudos.
Este espaço irá reunir essas trocas, desde artigos científicos sobre temas relacionados ao mundo materno até receitas gostosas, dicas de brincadeiras, idéias para lazer da família, entre outras coisas.

Temos em comum a maternidade, que cada uma exerce de acordo com seus princípios, sua cultura, sua forma de pensar. E além disso, adoramos um bate-papo!

Sintam-se a vontade para papear conosco, de forma séria ou descontraída, o tom quem rege é você!

P.s. Em breve, cada uma de nós se apresentará!

Mariana Elis, mãe da Luisa e do Pedro